segunda-feira, 12 de abril de 2010

Impactos...





Para vocês entenderem o post de hoje tenho que começar explicando algumas outras coisas...
Logo que eu cheguei no Cabo Verde tive alguns impactos. Alguns bons e outros ruins, mas tive. E impactos sempre são traumáticos, mesmo bons ou ruins. Exemplifico uma festa surpresa que faz seu coração ir mais rápido e que nos obriga as vezes até a sentar para recuperar o fôlego. Nosso corpo e mente sentem instantaneamente esses impactos e sofrem.
Quando eu cheguei senti impacto com a comida, com a lìngua, com as pessoas, seus costumes e principalmente com o clima!
Mas agüentei firme, pois era isso que eu queria, escolhi estar aqui e fiquei feliz por ter escolhido dessa forma, mesmo que isso me causasse choro de saudade!
E ainda sabia que a qualquer momento que não quisesse mais, eu poderia ir embora e minha família estaria me esperando com a comida ao qual eu estava acostumada e com as roupas que eu achava certo usar e com a água quente comum de tomar banho e com o clima “nem quente nem frio” da meia estação de São Paulo.
Mas o maior impacto que tive foi porque adorei estar aqui. As pessoas são amorosas, as paisagens tranqüilas e tenho o poder de escolha do meu cardápio que é internacional. As fotos são sobre essa maravilha que vi logo que cheguei!
(Com esse pensamento conto a seguinte história:)


Kátia, Brasileira, 30 e poucos anos, loira de cabelos longos e levemente cacheados, olhos verde, baixa estatura, mãe de 3 filhas e mulher do Adilson.

Ela foi pega no aeroporto da Praia em flagrante com drogas na mala. Juntamente com seu marido foi detida e levada à cadeia civil.
Essa era a primeira vez que ela viajava para o Cabo Verde e a recepção não foi das mais agradáveis.
Ela teve um impacto quando chegou aqui também, assim como eu tive, mas com o detalhe de não poder escolher voltar. Suas filhas estão com sua mãe no Brasil e ela e o marido ficarão por aqui por tempo indeterminado já que o julgamento ainda nem foi marcado. É assim por aqui quando o assunto é direito internacional: A Embaixada junto com toda a sua burocracia procura um advogado que auxilie seus co-cidadãos a chegarem a melhor justiça.
Quando fui visitar essa mulher depois do culto que fizemos no sábado, levei um caderninho para anotar as coisas que ela poderia precisar, e a lista foi feita com muita modéstia da parte dela. Faz quase dois meses que ela está detida e isso quer dizer que faz quase dois meses que ela dorme no colchão sem lençol e toma banho de “sabão azul” (aqueles de lavar roupa) que a cadeia deu para ela como “direito” de estadia.
Ela estranhou a comida e por não comer carne de porco desde a infância sofre com o fato de ter apenas arroz para almoçar.
Estranhou a forma das mulheres se vestirem e se tratarem, mas o mais difícil impacto foi visto durante a visitação.
Ela tem tomado altas doses de anti-depressivo pela tristeza profunda que vem sentindo. A culpa é uma inimiga da paz e essa insistente inimiga tem soprado no ouvido dela de que ela não é digna de viver. Ela estava levemente apagada com os olhos meio fechados por causa dos remédios e quando percebi que seu corpo estava machucado, perguntei o que tinha acontecido.
Ela me disse que falaram que ela ficou se jogando da beliche e se queimando e se mordendo, mas ela não lembrava de nada.

Nessa hora eu consegui ver o fundo do poço ao qual alguém pode chegar.
Ela veio passar as férias e ficar rica no Cabo Verde, teve o impacto de ser obrigada a viver anos na cadeia, pobre e miserável tendo pouco para comer!
Eu chorei quando conversei com aquela menina e apelei para que ela buscasse a Jesus como redentor. Falei que se ela já tinha pedido perdão para Jesus, Ele já tinha esquecido tudo, não tinha porque ela lembrar.
Ela chorou também, e eu orei com ela. Deixei uma meditação que tinha na bolsa e logo tive que sair a pedido das carcerárias!

Quantas pessoas nesse mundo vivem presas pela culpa e pela dor da conseqüência de um pecado?
Milhares, milhões, talvez bilhões.
Mas Deus faz um convite para se aliviar, para derramar os fardos no chão e deixar q Ele carregue. Jogue a culpa fora e se delicie na redenção de Jesus! Mat. 11:28 e 29

Grande Beijo Cheio de saudade

Aline Camargo

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